crônica - DESINTEGRAR A SUBJETIVIDADE X INTEGRAR A COLETIVIDADE
DESINTEGRAR A SUBJETIVIDADE X INTEGRAR A COLETIVIDADE
Não é de hoje minha preocupação com o enfoque, exageradamente, social da Psicologia (aqui incluo Psicanálise e Psiquiatria) . Evidente que a Psicologia tem uma gigantesca e vital função social, entretanto, esta se dá de forma indireta, pois o objeto de estudos, pesquisas e práticas da Psicologia é o psiquismo humano, que sempre é uma estrutura subjetiva. Claro que os outros, o mundo externo influenciam e condicionam fortemente os psiquismos subjetivos.
Lendo Jung (o suiço), referente a temática da individuação, me pulou o título desta crônica. E como já dediquei o meu TCC do curso de Psicologia a questão da subjetividade como objeto de estudos desta Ciência, penso que mais um esclarecimento se tornou possível a este respeito: ao insistir no enfoque social, de maneira direta, a Psicologia não está fomentando, arriscadamente, uma “desintegração do indivíduo” no coletivo? A Psicologia, como Ciência do psiquismo (o que é diferente de Ciência da mente), não deveria investir todas as suas energias para “integrar o social no indivíduo?”. Na verdade, me parece exageradamente óbvio que, uma vez estando o psiquismo - sempre subjetivo - integrado (princípio do prazer + princípio da realidade; consciente + inconsciente + inconsciente coletivo; pulsão de vida + pulsão de morte; anima + animus; sombra + arquétipos; id + ego + superEu; etc), a sociabilidade estará garantida, consequentemente.
Já o contrário, também me parece evidente, ou melhor, se a Psicologia continuar insistindo diretamente no social, ela estará contribuindo pouco para a sociabilidade e menos ainda, para a integração psíquica dos indivíduos, estes que formam os coletivos e a sociedade como um todo. Aliás, me parece que a necessidade de tantas leis, é um resultado inevitável, para esta situação, ou melhor, quando o social não está integrado no psiquismo/indivíduo, só a lei para obrigar (e/ou as religiões?).
Enfim, felizmente eu sei que a grande maioria dos profissionais da área da Psicologia, atendem indivíduos/sujeitos/subjetividades/psiquismos, ou seja, estão honrando, efetivamente, com a função social da Psicologia, esta que se dá de forma indireta. De forma direta, enquanto Ciência, a Psicologia se debruça apenas sobre o psiquismo/o subjetivo, que precisa ser integrado, na maioria das vezes.
Encerro deixando perguntas: é possível uma sociedade melhor sem sujeitos integrados/organizados psiquicamente? É possível mudar um psiquismo (subjetivo) de fora para dentro? Forçar a sociabilidade não é desumano? Desintegrar o indivíduo/subjetivo não é uma estratégia de domínio?
Tercio Inacio W J
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