Crônica: Independência emocional ou morte

 Independência emocional ou morte

Certamente, a maioria dos brasileiros e das brasileiras já ouviu falar do famoso brado de Dom Pedro, ou melhor, isto teria ocorrido na tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga, voltando de Santos, que Dom Pedro teria “epifanado” tal sentença. O quanto disso de fato ocorreu e os motivos de tal brado, não vem ao caso no momento. Mas, não convém acreditar em qualquer "estória". Entretanto, o resultado é o que me interessa, analogicamente é claro.

A declaração da independência da coroa portuguesa foi algo extraordinário para o Brasil. Foi, na verdade, o nascimento do Brasil. Entretanto, foi um passo tão grande que a maioria dos promotores disto, acabaram se perdendo na continuidade do processo, ou melhor, no começo de um novo processo, qual seja, o de construção da nação brasileira.

Por isso, da minha analogia, que segue.

Primeiramente, convém reconhecer que Portugal descobriu o novo continente, mas, descobriu-o apenas, para as coroas europeias, afinal, as populações indígenas já o povoavam. Lamentavelmente, só o interesse das coroas europeias era o que importava, resultando na invasão, na exploração e na colonização do continente. Subjugo que levou 322 anos até ser rompido, ao menos parcialmente.

Infelizmente, retomando o título desta crônica - Independência emocional ou morte – nós humanos não temos tanto tempo para tal epifania de independência.

E nossa independência, como já sinalizado, precisa ser a EMOCIONAL. Aliás, se Dom Pedro e seus camaradas tivessem mais independência emocional na época, com certeza o Brasil, recém concebido, teria encontrado um “berço esplêndido” (não apenas geograficamente) e poderia ter sido criado em um ambiente melhor preparado para acolher esta nova vida.

Mas e o que seria esta Independência emocional?

Bom, todos já sabem que começamos completamente dependentes, basta lembrar da nossa condição intrauterina, de parasitas da mãe. Depois, como infantes, seguimos dependentes, inclusive, emocionalmente. E, a criança que tem boa parte essas condições atendidas, de fato, crescerá e um “berço esplêndido” e com certeza, se estruturá psiquicamente em direção a independência emocional, condição fundamental para ser livre em nosso mundo humano.

Ainda quero, por ora, apontar para a autoestima como construto subjetivo necessário para cada qual poder bradar: Independência emocional ou morte. E assumir a batalha interior inevitável, na busca da autonomia afetiva.

Por fim, penso que é preciso evidenciar que a independência emocional não é sinônimo de frieza, de indiferença… Pelo contrário, apenas o ser humano livre afetivamente tratará o outro com a dignidade que toda e qualquer pessoa merece, ou até mesmo, poderá cumprir o grande mandamento de Jesus: ame ao próximo como a si mesmo.

E, assim como Buda investiu tudo na “independência mental” para libertar os humanos, me parece que é preciso, atualmente, investir tudo na construção da autoestima e da organização psíquica-emocional, construção que é interior. E só depois disso erigido, estaremos em condições de contribuir para uma sociedade fraterna e solidária.


Tercio Inacio W J

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