crônica - POR UMA “TERCEIRA” TEORIA PULSIONAL
POR UMA “TERCEIRA” TEORIA PULSIONAL
I. Freud e a primeira teoria pulsional: pulsões do ego e Pulsões sexuais
Em sua primeira formulação, que vai de 1905 a 1914, Freud reconhece e contrasta pulsões sexuais com as pulsões de autopreservação. Nesta aproximação, a primeira representa os interesses da espécie, enquanto esta última representa o conjunto de necessidades ligadas às funções corporais indispensáveis à preservação da própria vida, cuja função é salvaguardar os interesses do indivíduo.
As pulsões de autopreservação, teriam a função de preservar a existência do indivíduo, do ego, enquanto as pulsões sexuais se esforçavam na busca de objetos com vistas à preservação da espécie e a satisfação sexual. Segundo Freud, as pulsões sexuais estariam ligadas às de autopreservação, e por isso buscariam vinculação, satisfação, com aquilo que preservaria a vida.
II. Freud e a segunda teoria pulsional: pulsão de vida e pulsão de morte
A partir de 1920 em seu livro "Além do Princípio do Prazer", Freud propõe a noção de uma pulsão de morte, introduzindo uma mudança fundamental na teoria pulsional. Essa contribuição teórica encontrou grande resistência no campo psicanalítico, despertando oposições mais ou menos categóricas de diferentes linhas de pensamento dentro da psicanálise. Para alguns autores, o conceito de pulsão de morte permitiu uma compreensão mais profunda dos fenômenos agressivos na vida mental, incluindo a autodestruição e o sofrimento do indivíduo.
Quando Freud levanta o conceito de pulsão, ele o faz com base na descrição da sexualidade humana, definindo-a como um impulso que se origina de uma excitação corporal (fonte) e que mobiliza o corpo para conseguir suprimir o estado de tensão em que se encontra a partir dessa excitação. O fim ou objetivo da pulsão é que se reinstale o equilíbrio anterior, aquele do início do estado de tensão. O objeto seria o elemento que permite que o impulso alcance o fim.
Freud tenta designar com o termo pulsão de morte o retorno a um estado anterior, em última análise, o retorno ao resto absoluto do inorgânico, destacando a concordância do conceito do pulso da morte com o caráter regressivo básico de toda pulsão. Em oposição a pulsão de vida (Eros), a pulsão de morte (Thanatos) representa a tendência fundamental de cada ser vivo retornar ao estado inorgânico de onde emergiu, através da completa redução das tensões. Freud entende a pulsão da morte como uma necessidade primária, que a coisa viva tem para retornar ao inanimado.
Para concluir essa brevíssima apresentação da pulsão de vida e de morte, é necessário enfatizar que a pulsão de morte marcou um ponto de virada na concepção pulsional - e na psicanálise - e revolucionou a compreensão de fenômenos agressivos na vida mental.
PS.:
Por fim, referente a essa progressão teórica do Freud, fico a me questionar: será que a primeira teorização não deveria ser desconsiderada, uma vez que o autor elaborou uma nova concepção/teoria? Faço essa observação porque é possível notar a repetida confusão teórica – mistura de conceitos - que ocorre na academia e em quase todos os escritos na área. O mesmo ocorre com as “tópicas freudianas”, sobre o aparelho psíquico, ou melhor, tratam todos os conceitos (inconsciente, consciente, pré-consciente, Id, Ego, Superego, Isso, Eu e Supereu) como se fossem sinônimos, desconsiderando completamente, a construção evolutiva feita pelo autor/Freud.
Neste ínterim, caso minhas (Jung brasileiro) hipóteses psicológicas vinguem, exijo que apenas ensinem a última teoria, afinal, a minha pesquisa, os debates e o trabalho prático me levaram a tal progressão, no intuito de estar melhorando a fundamentação teórica. Enfim, a minha última versão, de uma mesma teoria, será a melhor e a que deverá ser ensinada. E por favor, não fiquem misturando tudo. Insisto: houve uma evolução na pesquisa, por isso, da mudança teórica.
III. Jung brasileiro
A minha hipótese, para uma terceira teoria pulsional, funda-se na minha concepção de ser humano, qual seja, o humano enquanto corpo/instintos + mente/pensamentos + SNC/sentimento.
Isso considerado, me parece ser possível afirmar que as duas teorizações de Freud, se situam sempre, na nossa condição orgânica, ou melhor, de corpo e de instintos. Eu penso que o corpo enquanto natureza, vem fortemente condicionado pela lei da AUTOPRESERVAÇÃO, ou seja, cada ser vivente deste Planeta é empurrado pela pulsão: sobreviva a qualquer custo e reproduza a fim de garantir a manutenção da espécie. Reprodução que não é apenas a sexual, mas basta lembrar das nossas células, que estão em constante reprodução. Claro que a reprodução sexual, evoca muitas questões humanas, o que, por sua vez, teve grande atenção de Freud. Claro que nos animais o imperativo natural é um, nas plantas é um pouco diferente e nos humanos mais ainda. Na verdade, me parece que piorou nos humanos, pois nos animais o “cio” é só momentâneo, assim como nas plantas é apenas sazonal, já nos homens há um “cio” permanente, assim como nas mulheres há um imperativo constante (inconsciente/instinto) em gestar/em ser mãe, ao menos, até os 40 anos de idade.
Então, será que os humanos procriam mais por instinto do que por nobres valores?
Aliás, aqui não resisto a uma outra questão: se fazer filhos doesse - o coito sexual fosse dolorido - será que a humanidade já não estaria extinta?
Retomando a lei/pulsão orgânica da autopreservação, me parece que temos evidenciado os dois polos que colocam a vida em movimento, ou melhor, se a autopreservação é tão imperiosa na Natureza é porque o seu contrário também existe/ameaça, qual seja, o risco da “aniquilação”. Assim, temos aqui, a pulsão de morte e a pulsão de vida operando, colocando a vida toda - e toda vida - em movimento, inclusive a vida do próprio Planeta, que também é um ser vivo.
Arrisco ainda a suposição de que o corpo sabe que é finito, por isso, carregamos desde o início da nossa vida, o saber do seu fim, ou seja, a morte/finitude também está no corpo, assim como a pulsão de vida.
Agora, me pula o seguinte questionamento, considerando nossa condição de instintos + ideias + sentimentos: será que, assim como o corpo/orgânico se movimenta a partir daqueles dois polos, também a mente teria dois polos? E quais seriam os dois polos que colocam a nossa condição emocional em movimento? Enfim, como cada indivíduo organizará estes 3 conjuntos de polos, ou melhor, estas 6 forças que pulsam, ininterruptamente, em cada ser humano?
Concluo propondo que essas 6 forças possam ser: viver/prazer x morrer/dor (autopreservação/corpo) + real x memórias/idealizações (autoconhecimento/mente) + interação/relações x "individuação" (autoestima/emocional) = subjetividade.
Ainda: será que, assim como a mente precisa do corpo (dos 5 sentidos orgânicos) para conhecer os objetos, não há outras correlações necessárias entre corpo + mente + emocional? Como instintos, ideias/memórias e emoções se correlacionam? E essas interações ocorrem da mesma forma em todos os indivíduos? Seria exagero dizer que no psicótico o mental predomina, enquanto no neurótico o emocional se destaca e já no perverso o instintivo sobressai ?
T I Webler Jung
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