Crônica: “orientações de segurança de voo”

 

Crônica: “orientações de segurança de voo”

Ladis end Gentlemens!

Bem vindas/os a mais uma viagem/viajem…

Atenção as orientações de segurança: … se a cabine da aeronave despressurizar, máscaras de oxigenação cairão, USE PRIMEIRO A TUA PARA DEPOIS AJUDAR AOS DEMAIS, INCLUSIVE, USE PRIMEIRO A TUA, PARA DEPOIS COLOCAR A DO TEU FILHO/A.

Certamente todas as mães que já viajaram de avião, condenaram esta orientação absurda. Claro que estou me referindo a relação mãe-filho, porque em qualquer outra relação isto não seria tão dramático, ainda mais, em relação a ajudar desconhecidos.

Tenho certeza de que a maioria das mães colocaria a vida do filho e a sua em risco por agir instintivamente, ou melhor, tentaria colocar a máscara no filho primeiro e possivelmente não conseguiria, devido ao nervosismo e aos poucos segundos que teria antes de desmaiar por falta de ar, por não ter colocado a máscara em si primeiro.

Entretanto, gostaria de enfatizar outra questão com essa “orientação de segurança da tripulação de bordo”: fiz uma analogia com a Psicologia e a nossa condição emocional, qual seja, que antes de se preocupar com o outro/os outros, cada um deve focar em si mesmo; e só depois de estar com a própria “máscara de oxigênio”, será possível ajudar o outro.

Acredite, isso não é egoísmo, nem individualismo. Pelo contrário, isso é ajudar o outro. Isso é necessário para poder a do teu filho e a de muitos outros. Mas, antes de tudo, coloque a máscara em você. E me parece, que a Psicologia precisa orientar exatamente para isto, ou melhor, antes de você querer se preocupar com a vida dos outros, PREOCUPE-SE COM A PRÓPRIA. Aliás, o objetivo de qualquer psicoterapia e a psicanálise é este: fazer você, num momento de “queda”, de pânico, colocar, antes de mais nada, a própria máscara de oxigênio; primeiro, é preciso que você garanta a própria respiração, inclusive, antes mesmo dos teus filhos, do teu marido, do teu pai, da tua mãe e de qualquer outro/a que esteja do teu lado. E, provavelmente, depois, você conseguirá ajudar todos eles.

Penso que, assim é possível deixar evidenciado que a função da Psicologia é a subjetividade, ou seja, a própria organização psíquica precisar vir em primeiro lugar, só depois, será viável, de fato, ajudar os outros. Logo - considerando que ninguém, no começo da “viagem da existência”, recebe essa “orientação de segurança vital”, ou seja, o ser humano, em geral, não é formado para essa organização psíquica subjetiva - seguimos colocando vidas em risco.

Inclusive, me parece ser possível afirmar, que apenas aqueles que já passaram por uma psicoterapia (longa e séria) são os que iniciaram uma formação subjetiva e já embarcaram numa viagem existencial razoavelmente segura, com a capacidade de superar quedas e ainda, ajudar muitos outros em suas viagens existenciais.

Por fim, preciso aproveitar a deixa para ressaltar: assim como ninguém pode respirar pelo outro, ninguém pode “sentir” pelo outro, ou seja, cada um precisa fazer as próprias vivências emocionais e cada um precisa “SE” organizar psiquicamente. Claro que os outros podem me influenciar – e sempre influenciam – na minha “alfabetização/formação emocional-psíquica”. Na verdade, é na relação com os outros que cada um se organiza psiquicamente. 

 

T I Webler Jung



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