ensaio Parte 2: AUTOESTIMA

 

Parte 2: AUTOESTIMA


Me ocorreu uma analogia possível, para tentar definir melhor o conteúdo/a estrutura da autoestima, qual seja, que construir a autoestima é semelhante a construir uma casa. Apenas semelhante, afinal, a construção da autoestima é permanente e pulsa a vida inteira, além disso, ela não pode ser construída por outros, como uma casa, mas, precisa ser erigida por cada um.

Quando alguém vai construir uma casa, o recomendado é que se comece a edificação pela fundação/pelo alicerce, sobre o qual todo prédio será erguido. Evidente que esse alicerce dependerá da questão geológica do solo e do tamanho do prédio que se quer construir. Me parece ser viável, nesta analogia, dizer que o solo pode ser comparável a família (ou o primeiro grupo vivencial), na qual cada pessoa precisa começar a sua existência, a ser de alguma forma.

Então, uma vez conhecendo o solo e sabendo o tamanho do prédio, mãos a obra da fundação. Porém, em relação a construção da autoestima, o processo não é tão racional-lógico, afinal, apesar dos pais colocarem os filhos no mundo, a preocupação deles, em geral, é fortemente orgânica, no começo. Depois passa também, a focar a questão racional (educação escolar), entretanto, raramente há uma preocupação com o desenvolvimento psíquico-emocional, que é, justamente, a fundação sobre a qual o filho vai se erigir, vai iniciar a sua autoestima e construir-se enquanto sujeito/ser.

Evidente é, como bem sabemos, que uma criança sem as condições orgânicas/primárias garantidas, dificilmente vai progredir racionalmente e emocionalmente, ainda pior será, se o meio familiar for um “solo” pobre, sem condições para qualquer obra melhor planejada, semelhante a querer construir uma casa em um solo arenoso ou pantanoso e não investir numa fundação melhor elaborada.

Aliás, será que uma crise depressiva grave, na adolescência ou na vida adulta, não pode ser comparada ao desmoronamento de uma casa devido aos precários alicerces? Ou ainda, um desmoronamento causado pela desproporção entre o tamanho do prédio (o ego ideal, ou o princípio do prazer?) e capacidade dos alicerces (o “eu”, ou o princípio da realidade?)?

Mas, nem todo desmoronamento é ruim. Muitas vezes é preciso implodir o velho para que o/um novo possa ser construído. O desmoronamento poderá ser uma oportunidade ímpar, apesar do sofrimento psíquico, para que a pessoa comece uma nova construção, qual seja, erigir-se como sujeito bio-psico-racional, capaz de lidar - e aprender com - o sofrimento, sobretudo. Na verdade, estou cada vez mais convencido, de que é o sofrimento psíquico que coloca o indivíduo perante o mundo real e perante si mesmo (o próprio vazio de autoestima), desafiando-o a construção de uma fundação profunda, capaz de sustentar, “realmente”, um prédio de muitos “andares”.

A felicidade constante e interminável, é uma autoilusão, que só nos mantém na infantilidade, na dependência emocional e afastados da nossa vida real, geralmente bastante monótona. Ou ainda, na maioria das vezes, muito pouco aprendemos e evoluímos nos, viciantes, momentos de euforia...



T I Webler Jung


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