ensaio Parte 1: AUTOESTIMA

 

Parte 1: AUTOESTIMA


Parto da hipótese de que cada pessoa, ao nascer, nasce vazia de autoestima, logo, construir a autoestima é construir-se como pessoa. Chego a comparar a autoestima com a alma afetiva, que é responsabilidade de cada e toda pessoa. Alma afetiva que requer desenvolvimento, caso contrário o vazio se tornará um “buraco” afetivo.

Mas, e o que é a autoestima? E o que é a falta dela? Como desenvolvê-la?

Autoestima é estar bem consigo mesmo, é a avaliação subjetiva que uma pessoa faz sobre si mesma, ou seja, é a percepção que uma pessoa tem sobre sua própria personalidade, competência, valor, capacidade e adequação para viver a vida de cada dia, a vida real.

Uma pessoa com autoestima tende a se sentir confiante, livre emocionalmente e capaz de lidar com as dificuldades e sofrimentos que surgem na vida hodierna, enquanto uma pessoa com baixa autoestima pode se sentir insegura, desvalorizada e incapaz de enfrentar desafios, desenvolvendo geralmente, uma dependência emocional das outras pessoas.

Aliás, a dependência afetiva é um padrão de comportamento em que uma pessoa precisa, excessivamente, de outra pessoa para satisfazer suas carências e necessidades emocionais, como o medo da solidão. A pessoa que é dependente emocionalmente pode sentir uma necessidade extrema de estar em um relacionamento, mesmo que não seja saudável ou positivo para ela (as vezes me parece que o ditado certo seria: melhor mal acompanhado do que sozinho).

As pessoas que são dependentes emocionais podem ter uma baixa autoestima e sentir que não são capazes de ser autônomas afetivamente, ou, de se sentir bem sem a aprovação da outra pessoa. Isso pode levar a comportamentos como colocar as necessidades da outra pessoa acima das próprias, desistir de atividades que gosta ou até mesmo tolerar abusos emocionais ou físicos.

A dependência emocional pode se desenvolver em qualquer tipo de relacionamento, incluindo amizades, relacionamentos românticos e relações familiares. É importante notar que a dependência emocional não é o mesmo que amor verdadeiro ou compromisso em um relacionamento saudável. A dependência emocional pode ser tratada com ajuda profissional, como terapia, para que a pessoa aprenda a desenvolver sua autoestima/sua autonomia afetiva e consequentemente, possa estabelecer relacionamentos mais saudáveis e equilibrados.

É importante lembrar que aquele vazio de autoestima não é algo fixo, mas, que pode/precisa ser trabalhada e desenvolvida ao longo do tempo, através de vivências e relacionamentos “sustentáveis”, com o aprimoramento de habilidades e a mudança de pensamentos e comportamentos negativos.

O desenvolvimento da autoestima – que é responsabilidade exclusiva de cada um - pode ser influenciada por diversos fatores, como: experiências afetivas positivas na infância, uma infância com experiências positivas e uma boa base emocional pode ajudar a construir uma autoestima saudável; conhecer a si mesmo (autoconhecimento), suas habilidades, pontos fortes e pontos fracos pode ajudar a aumentar a confiança e a valorização pessoal; sucesso pessoal, ou melhor, alcançar objetivos pessoais e sentir-se bem-sucedido em diferentes áreas da vida pode contribuir para uma boa autoestima; apoio social, como ter um ambiente de apoio com amigos e familiares pode ajudar a sentir-se valorizado e amado; receber feedbacks positivos dos outros pode aumentar a autoconfiança e a autoestima, entretanto, isso é bem diferente de ser dependente emocionalmente dos outros; resiliência, ou seja, ter a capacidade de superar desafios, dificuldades e sofrimentos pode ajudar a desenvolver a crença em si mesmo e a confiança em lidar com situações difíceis na vida de cada dia; pensar de forma positiva/otimista e desafiar pensamentos e crenças negativas pode ajudar a construir uma autoimagem mais positiva, mas sem forçar autoilusões; a autonomia afetiva, que implica em autonomia e em ter a capacidade de fazer escolhas e tomar decisões, podendo ajudar a sentir-se mais confiante e empoderado.

Convém reforçar que cada pessoa é única e que as vivências pessoais que influenciaram o desenvolvimento subjetivo, também são únicos, ou melhor, os sentimentos que cada um sentiu/sente – NINGUÉM PODE SENTIR POR VOCÊ – são exclusivos.

Assim também, cada um, precisa trabalhar na construção da própria autonomia afetiva, podendo recorrer a um apoio de profissionais da área da Psicologia e/ou de outras estratégias de autocuidado. Muitas vezes, uma pessoa com baixa autoestima, precisa apenas dessa ajuda para conseguir mudar a si próprio, afinal, a autoestima é algo pessoal e está dentro de cada um.

Uma pessoa com baixa autoestima é alguém que tem uma visão negativa sobre si mesma e não se valoriza. Ela pode ter uma autoimagem distorcida e pode acreditar que não é boa o suficiente ou digna de amor e respeito. Algumas características comuns de uma pessoa com baixa autoestima incluem: insegurança emocional, ou melhor, a pessoa pode se sentir insegura em relação a si mesma e às suas habilidades; autocrítica depreciativa, no sentido de ser muito crítica consigo mesma, focando nos seus pontos fracos e falhas em vez de valorizar suas qualidades e pontos fortes; comparar-se excessivamente com os outros e sentir-se inferior, geralmente, preocupando-se com a opinião dos outros; o isolamento, evitando relacionamentos com outras pessoas e situações sociais, ou ter dificuldade em se conectar com os outros por medo de ser julgada; muito medo de fracassar, o que a faz evitar tentar coisas novas ou desafios por medo de falhar ou ser rejeitada; sempre precisa agradar os outros para se sentir bem; auto sabotagem, também é uma característica da baixa autoestima; a pessoa pode ter dificuldade em tomar decisões ou confiar em suas escolhas; a baixa autoestima pode levar a depressão e ansiedade, muitas vezes fazendo com que a pessoa se sinta desamparada e sem esperança.

Mas lembre-se, desenvolver a autoestima é um processo pessoal, contínuo e requer trabalho e esforço. Se você está tendo dificuldade em desenvolver sua autoestima, considere a possibilidade de procurar ajuda profissional da área da Psicologia. Isso não é ser fraco, pelo contrário, é o maior e melhor passo que você dará no caminho da autoestima. Investir em você é o melhor investimento para você e para a sociedade, pois, somente quem tem autoestima não precisa usar os outros.

Por fim, convém deixar claro que a autoestima não tem nada a ver com bens, títulos, quantidade de amigos... e/ou em se sentir útil ou importante, afinal, a autoestima não está fora de você, mas, dentro.

Isso mesmo, o nosso maior tesouro está dentro de nós, dentro de cada um.



T I Webler Jung






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