crônica - EUREKA: a “gravidade/insegurança” nossa de cada dia

 

EUREKA: a “gravidade/insegurança” nossa de cada dia

 

Diz a história, que Arquimedes descobriu a “gravidade específica” ao tomar banho em sua banheira, ou melhor, ao entrar na banheira ele percebeu que a quantidade da água derramada da banheira era equivalente ao peso/volume do seu corpo, que nela mergulhava.

Digo isso porque, curiosamente, a minha intuição, sobre a “gravidade/insegurança nossa de cada dia”, me ocorreu antes do banho de rio, enquanto eu ainda estava sentado, de frente para o rio, e meditava sobre não sei o que. Minto, na verdade lembro, e eu não meditava, mas, refletia sobre um dano ambiental na mata ciliar desse mesmo rio, causado por vizinhos em minha propriedade.

 Eu queria meditar, mas, a indignação me consumia. Até que consegui “atravessá-la” e me perguntar: POR QUE ISSO ME AFETA TANTO?

Confesso que essa máxima interrogatória – e libertadora – já me ocorreu mais vezes. Quem sabe, até mais vezes que os banhos de banheira do Arquimedes.

Enfim, POR QUE AQUILO ME AFETAVA TANTO? Ou melhor, a questão não estava, necessariamente, nos vizinhos e nem no dano ambiental, mas, na repercussão daquilo em mim.

Assim, agora não mais indignado, mas, intrigado comigo mesmo, comecei a travessia: considerando que há uma lei natural da sobrevivência/da autopreservação que nos dirige naturalmente, enquanto tivermos corpo orgânico; considerando que somos seres racionais, nos distinguindo dos demais animais por podermos pensar sobre a nossa existência; considerando que dessa intermitente relação, entre corpo e razão, origina-se a nossa condição afetiva, através da qual os acontecimentos nos afetam emocionalmente... intui que, desse constante movimento relacional entre natureza (ID), razão (supereu) e emoções (eu) forma-se, ou eu formo, a minha subjetividade.

Se o nosso corpo orgânico nos empurra para a autopreservação, é bem provável que a nossa mente capte a nossa fragilidade/fraqueza/a insegurança de cada dia – já que precisamos sobreviver - e começa a preferir a ilusão de superpoderes, ou de superpoderosos que nos possam salvar...  ao invés de lidar com a vida real de cada dia.

Então, já que não conseguiremos suprimir por completo - o imperativo natural da autopreservação, enquanto formos orgânicos  - melhor começarmos a nos conscientizar das nossas ilusões, racionalmente potencializadas, e amadurecer afetivamente para lidar com as nossas inseguranças emocionais de cada dia. Uma maneira boa e que recomendo para isso, é buscar ajuda de pessoas preparadas para isso, como os psicólogos. Também recomendo a meditação, que consiste em ficar sozinho por um bom tempo. E, inclusive, banho de rio e/ou de banheira pode te ajudar, no teu amadurecimento, afinal, o que te consome é o que te afeta.

 

Tercio Inacio Webler Jung

 

 

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