Crônica: EVOLUÇÃO HUMANA?
Crônica:
EVOLUÇÃO HUMANA?
Desde Darwin a questão da Evolução Humana não sai mais de pauta. Evolução considerada por ele como natural, contrariando completamente, a criação do mundo - e a nossa - por uma entidade externa.
Em grande medida, segundo Darwin, a nossa evolução ocorreu devido à necessidade de sobrevivência – necessidade que impera, como condição natural, em todas a espécies vivas – no Planeta. Disso podemos inferir que “sobreviver” é uma lei da natureza que dirige todas as espécies vivas, o que inclui o próprio Planeta, já que ele também é um organismo vivo.
Sobreviver – que por natureza inclui a reprodução - nos fez caminhar enquanto uma espécie entre várias outras e todas, repito, buscando a própria sobrevivência, entretanto, não só como espécie, mas também, como individualidades de uma espécie. Apesar dos lobos se reunirem em alcatéias, as abelhas em enxames... e nós em sociedade, cada um, por natureza, ainda é dirigido pela lei da sobrevivência, ou seja, quem tiver corpo orgânico (pessoas, animais, vírus, plantas...) e enquanto o tiver, será dirigido por esta lei natural/instinto natural, inevitavelmente.
Mas, sendo assim, parece que não evoluímos muito.
Verdade! Ouso afirmar que no único aspecto que “evoluímos” foi em acrescentar o adjetivo “conforto” à lei natural da sobrevivência, ou seja, “sobrevivamos com conforto (conforto material e afetivo)”, porém, não como espécie, mas, como indivíduos. Eis a grande contribuição da nossa condição racional, ou melhor, uma grande ilusão foi criada e ainda é sustentada e alimentada pela nossa espécie racional. Parece que, em síntese, apenas reagimos ao que nos dirige enquanto formos corpo orgânico. Inclusive, conforme Nietzsche, a própria criação humana dos deuses não passa de uma reação racional a carências, inseguranças e medos.
Certamente, vários de vocês devem estar pensando nas inúmeras invenções dos humanos e, por isso, me considerando um equivocado, na melhor das hipóteses. Entretanto, peço mais uma chance. Vamos analisar algumas invenções humanas, só como exemplo, e logo verás que tudo o que o homem inventou - e inventa – origina-se, no fundo, pela busca do próprio conforto, ou seja, querer sobreviver com conforto.
Possivelmente você está dispondo de um computador ou de um celular para ler isto e está convencido de que a computação é vital para a nossa vida, e não apenas uma ferramenta para sobrevivermos com mais conforto (quando não é usada de forma prejudicial. Aliás, mesmo assim, aquele que faz um uso errado da computação, ainda está em busca de um conforto próprio, material e/ou afetivo). Primeiramente, convém aventar que, todo inventor busca o conforto, tanto material quanto afetivo; ou será que Bill Gates era um altruísta por natureza? Segundo, antes do Bill Gates a computação já era usada em guerras, ou seja, na busca de conforto material (economia bélica) e emocional (segurança e poder), mais por parte dos dirigentes do que das nações. Terceiro, eu só comecei a usar computador em 1995, ou seja, a vida era viável – inclusive confortável - antes dele também. Quarto: para quantos a computação torna a vida mais confortável? Eis a questão: é possível todos os humanos sobreviver com conforto? Sem prejudicar a vida dos outros, inclusive das outras espécies?
Aliás, acabei de lembrar que somos quase 8 bilhões de seres humanos e todos, pelo que me parece - exceto os considerados anormais (com distúrbios racionais) - buscando sobreviver com conforto, porém, enquanto quase 8 bilhões de indivíduos e não como uma população de 8 bilhões de seres humanos. Afinal, o sentir-se confortável precisa ser experienciado, sentido por cada indivíduo. Ninguém pode “sentir” por você, logo, cada indivíduo quer sentir-se confortável, sobreviver confortavelmente. Inclusive, apesar de acharmos que os pais se alegram pelos filhos, no fundo, o que os pais sentem e buscam é o próprio sentimento de conforto, que só é possível ao verem os filhos também sobrevivendo confortavelmente.
Enfim, será que evoluímos mesmo? Parece que apenas nos iludimos. Fazemos, construímos, inventamos... mas, a vida segue sendo dirigida pela lei da sobrevivência. A ilusória “sobrevivência com conforto” de poucos não é viável para todos os humanos, muito menos para todas as espécies.
Seria, então, a nossa condição racional, uma condição de ilusão com a sobrevivência confortável?
Seria melhor nós apenas ocupar-nos em sobreviver com todos e com as demais espécies, inclusive com o coronavírus?
Tércio
Inácio
Comentários
Postar um comentário