crônica - PRINCÍPIO DA REALIDADE = ÁGUA POTÁVEL
PRINCÍPIO DA REALIDADE = ÁGUA POTÁVEL
Certamente, alguns de vocês já me ouviram dizer que a grande descoberta do Freud não foi a teoria sobre os sonhos, ou a revelação do inconsciente, ou o desvelamento da sexualidade infantil, ou a criação da psicanálise, mas, que para mim, a maior contribuição do Freud foi a descoberta do Princípio da Realidade. Evidente que não ouso ignorar nenhuma dessas grandes e significativas contribuições, para a humanidade, do Freud. Inclusive, o novo paradigma que Freud erigiu e nos deixou, pode ser a última “fonte de vida” - apresentada cientificamente à humanidade - capaz de nutrir, ao mesmo tempo, a existência subjetiva de cada qual e a existência intersubjetiva de todos nós.
Mas, e o princípio da realidade como parte primordial desta fonte de vida?
Aliás, informo que é intencional, da minha parte, utilizar o conceito “fonte de vida” a fim de remetê-los ao conceito “fonte de água potável” para seguir a divagação.
É bem provável que todos nós já saibamos da vital importância da água potável para a nossa existência. A quem de nós já não foi recomendado beber mais água durante o dia a fim de nos mantermos saudáveis, ou, para não seguirmos prejudicando o nosso corpo. Claro também é que preferiríamos beber, em vez da água, uma cerveja bem gelada, ou um vinho, ou um whisky, ou um espumante, etc, afinal, a água não tem gosto (fora o do cloro), nem cheiro, muito menos provoca reações outras.( Aliás, me perdoem abrir estes parênteses, mas preciso aproveitar a ocasião para dar uma dica de saúde e anti-ressaca, aos bebedores de álcool: apenas tome água durante a tua tentativa de fuga da realidade, digo, durante o teu momento de mergulho no álcool. Apenas tome um copo de água após cada garrafa de cerveja, ou um copo de vinho, ou uma dose de whisky. Até nestes momentos a água é a salvação).
Agora ficou praticamente evidenciado, uma analogia possível entre o princípio da realidade e a água potável, ou seja, viver a partir do princípio da realidade é como beber água potável. Assim como poucos gostam de beber água, também poucos gostam da realidade, de sentir a monotonia do cotidiano. Preferimos beber um whisky, preferimos nos iludir com pensamentos. Só que não podemos viver a base de whisky, muito menos a base de imaginações. A nossa vida real é o nosso cotidiano monótono, de encontros e desencontros com outras pessoas, de frustrações, de angústias, com apenas alguma dose de felicidade por dia. Querer estar sempre feliz é uma ilusão da mente. Aliás, a pior ilusão está por vir, qual seja, o “metaverso do Zuckerberg”, este sim será o verdadeiro ópio das próximas gerações. Sentiremos falta do tempo em que a religião era o ópio.
Enfim, meus caros e minhas caras, sejamos realistas. Saibamos/aprendamos a viver o nosso monótono cotidiano.
Bebamos mais água, até mesmo durante os nossos momentos de tentativa de fuga da realidade.
Tercio Inacio
Comentários
Postar um comentário